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RESPEITEM CABARÉ

RESPEITEM CABARÉ

               Tinha um diretor de uma empresa que trabalhei, que todas às vezes que ele perguntava como estavam as coisas e alguém respondia que estava “um cabaré”, imediatamente ele dizia, RESPEITE CABARÉ. Hoje entendo o que ele queria dizer.

               Primeiramente, não estamos falando das casas de massagem que se amontoam em todos os rincões do Brasil. Não. Estou falando dos antigos cabarés, das décadas de 1940 a 1970, onde havia salões de dança com música ao vivo, ou mesmo mecânica – nada de digital -, e, quando os clientes chegavam, sentavam-se para, bebericar e esperar as moçoilas saírem de suas alcovas para, primeiramente, serem cortejadas pelos senhores que ali estavam e, caso se entendessem, irem de volta à alcova. Estamos falando dos, à época, chamados de “pensões alegres”, que, em nossa Capital Alencarina, cuja mulher representativa tem os “lábios de mel”, notabilizaram-se “A Casa da Leila”, “A Margô”, “O Cabaré da Santa”, “ A Pensão do Zé Tatá” e, mais atualmente (Década de 70), “Senadorzão”, “Barba Azul” e “Motel 90”.

               Mas, por que devemos respeitar Cabaré? Talvez os mais novos não saibam, mas os cabarés eram locais onde imperava o mais alto nível de respeito e educação. Como é? Isso mesmo, nos cabarés havia respeito e educação.

               Vamos aos fatos que explicam o colocado. Nos cabarés, os clientes eram atendidos com total atenção, suas necessidades eram atendidas e recebiam o que pagavam. Não havia a menor possibilidade de serem ludibriados. Quando aportava um jovem rapaz, ansioso em conhecer as delícias do mundo e, no dizer da época, “virar homem”, ele era tratado de forma diferenciada, com mais carinho, atenção e cuidado por sua acompanhante.

               Entretanto, o mesmo respeito e educação, dispensados aos clientes, eram exigidos pelas moças e pelos donos dos estabelecimentos. O cliente não tinha o direito de invadir o espaço das moças sem a devida abertura. Era necessário “conquistar” a atenção da moça e assim, usufruir dos seus serviços. Quando definidos os parâmetros dos serviços, não poderia, nunca, ter algo pelo que não ficara acertado. Se houvesse forçação de barra, a moça seria protegida pelos donos e seguranças das “pensões alegres”. Da mesma forma, o respeito e educação imperava entre os clientes. Se um cliente já tivesse entabulado conversa com uma das moças, ela não poderia mais ser cortejada por outro frequentador. Pior o caso, de uma das moças de tornar a “preferida” de um dos clientes da casa. Não havia possibilidade de ser cortejada por outro frequentador.

               O respeito e educação deveria vigorar do momento em que se adentrava no estabelecimento até o momento de sua saída. Brigas e desentendimentos não eram permitidos e, os frequentadores que ousassem desobedecer a tal regra, eram, sumariamente, enxotados do local e, muitas vezes, proibidos de lá retornar. Não havia também, a tentativa de sair e não se pagar pelos serviços recebidos. Todos tinham que manter a honestidade em dia.

               Hoje, para mim está claro o que ouvia do meu diretor. Agora, quando me disserem que o Brasil está igual a um Cabaré, responderei a plenos pulmões: “RESPEITE CABARÉ”.

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